TTC: Tecnologia, Trabalho e Cuidado
Breve apresentação do projeto
O projeto Tecnologia, Trabalho e Cuidado, nos últimos anos, tem dialogado com um grupo de mulheres negras e periféricas do território da Serra da Misericórdia, localizado no Complexo da Penha. Esse contato visa estabelecer e identificar estratégias tecnológicas a partir de uma noção de tecnologia como algo oriundo dos saberes tradicionais e comunitários, desenvolvidos por meio de práticas cotidianas de trabalho e de cuidado.
Os aprendizados da experiência nos levam a refletir sobre as relações de poder que cercam o campo da ciência e da tecnologia, e nos permitem afirmar que é necessário considerar as interseções entre classe, raça, gênero e sexualidade e expandir o olhar sobre o trabalho abarcando um conjunto amplo de atividades que garantem a reprodução da vida, a fim de identificar rotas de desenvolvimento tecnológico de resistência e emancipatórias.
Histórico
O TTC surge em 2020 a partir da pesquisa de mestrado de um estudantes do PPGTDS/NIDES, que teve sua atenção cativada pelos movimentos que ocorriam em um território excepcional, de encontro entre o rural e o urbano, no coração da Penha - Rio de Janeiro.
O Centro de Integração da Serra da Misericórdia (CEM), uma organização comunitária mobilizada por um coletivo de mulheres negras, promovia a reforma de uma escadaria de acesso a comunidade, a construção de uma cisterna de água, a organização de uma escola popular de agroecologia e de uma cozinha comunitária, o cultivo de uma agrofloresta, a realização de encontros de quintais e de encontros de mulheres, entre outras ações orientadas para o fortalecimento da agricultura urbana, da soberania alimentar, da promoção da saúde e da reprodução da vida.
Influenciadas pela educação popular e por abordagens ecofeministas, trilhamos um percurso metodológico intencionado para o diálogo amplo e sensível com as protagonistas dessas histórias.
O projeto se iniciou como uma ação de pesquisa, contando num primeiro momento com duas bolsistas de iniciação científica. Pouco a pouco fomos nos consolidando também como ação de extensão e pesquisa, fortalecendo nossa parceria com o território e criando espaços de formação para estudantes na temática a partir de disciplinas de graduação e pós-graduação.
Objetivos
Investigar os atravessamentos entre os conceitos de tecnologia, trabalho e cuidado, a partir do diálogo e da atuação com coletivos de mulheres negras que protagonizam iniciativas que garantem a reprodução da vida em territórios periféricos e vulneráveis no Rio de Janeiro. A partir da ação investigativa, pretendemos também apoiar e fortalecer essas iniciativas comunitárias, promovendo ainda a formação crítica de estudantes envolvidos na ação.
Ações atuais
Hoje o projeto se estrutura a partir de quatro linhas de ação:
- - Encontros de mulheres: a equipe do projeto participa de encontros de mulheres promovidos pelo CEM, especialmente focados nas questões de saúde e cuidado. Além disso, participamos e organizamos outros espaços de encontro, envolvendo as mulheres da Serra e de outros territórios periféricos e vulneráveis, potencializando as ações dos diferentes grupos a partir de trocas de saberes e experiências.
- - Apoio a Escola Popular de Agroecologia e a Cozinha Comunitária: A Escola Popular de Agroecologia e a Cozinha Comunitária a ela associada, são ações fundamentais promovidas pelo CEM no sentido da educação ambiental e cidadã e do fortalecimento da agricultura urbana e da soberania alimentar na Serra da Misericórdia. Realizamos diversas atividades de apoio a essas ações respondendo às demandas da comunidade, especialmente no que tange ao debate da tecnologia e da gestão. Neste momento a equipe tem focado sua contribuição principalmente na prospecção de recursos a partir de editais e outros tipos de chamadas para apoio financeiro a projetos.
- - Comunicação: a equipe vem trabalhando na produção de materiais para divulgação, para dentro e para fora da academia, do conjunto de ações desenvolvidas pelas mulheres da Serra e dos aprendizados elaborados a partir do nosso diálogo com essas experiências. Participamos com frequência dos Encontros de Engenharia e Desenvolvimento Social (EREDS/ENEDS), e buscamos ampliar nossos espaços de trocas e reflexão. Trabalhamos ainda na elaboração de um catálogo de ações do CEM, que pretendemos concluir e divulgar em breve.
- - Formação da equipe: pelo percurso do projeto foram criadas uma disciplina de graduação e uma de pós-graduação que têm sido espaços privilegiados para formação continuada de discentes e docentes envolvidos nas ações do projeto. A disciplina de graduação se chama “Trabalho, Tecnologia, Saúde e Cuidado” (NID105), e a de Pós-graduação tem o mesmo título do projeto (NID727), sendo ministrada anualmente pelo PPGTDS/NIDES. Além disso, a equipe participa das ações de formação e integração ampliadas do SOLTEC e do NIDES.
Publicações
AZEVEDO, A. GONÇALVES, M. ARAÚJO, F. TECNOLOGIA, TRABALHO E CUIDADO: um percurso inicial. Anais dos Encontros Nacionais de Engenharia e Desenvolvimento Social, Rio de Janeiro, v. 17, n. 1, p. 1-21, 2022.
Equipe
Fernanda Santos Araújo (coordenação) Professora do NIDES. Formada em Engenharia de Produção (UFRJ). Doutora em Engenharia de Produção (UFF). Desde (01/20) |
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Ana Lilyan Santos (co-coordenadora) Graduanda em Psicologia (UFRJ) Desde (11/22) |
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Aman Azevedo (voluntário) Formado em Engenharia Civil (UFRJ). Mestrando em Tecnologia para o Desenvolvimento Social (PPGTDS/UFRJ). Desde (01/20) |
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Emilly Marinho (bolsista) Graduanda em Engenharia Ambiental (UFRJ) Desde (03/23) |
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Larissa Gomes (bolsista) Graduanda em Psicologia (UFRJ) Desde (07/23) |
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Lucas Scoralick (voluntário) Formado em Engenharia Civil. Mestrando em Geotecnia (COPPE/UFRJ). Desde (03/23) |
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Raphael Luis Damasceno (bolsista) Graduando em Ciências Matemáticas e da Terra (UFRJ). Desde (03/23) |
Construção de Ferramentas de Comercialização de Produtos da Reforma Agrária no estado do Rio de Janeiro
Apresentação
O projeto "Construção de Ferramentas de Comercialização de Produtos da Reforma Agrária no estado do Rio de Janeiro" teve seu começo em agosto de 2021, e marca a consolidação de debates e ações que já refletiam acerca do desenvolvimento de sistemas virtuais como uma demanda fundamental para os coletivos de comercialização organizados por agricultores familiares. Este projeto nasce dos acúmulos, aprendizados e demandas da atuação conjunta, iniciada em 2017, dos dois projetos de extensão do Soltec, o “CaCi - Campo Cidade: fortalecendo coletivos de trabalho da Reforma Agrária" e o “TICDeMoS - Tecnologias da Informação e Comunicação, Democracia e Movimentos Sociais”, no Espaço de Comercialização Terra Crioula (ECTC) e, posteriormente, no Armazém do Campo, ambos organizados pelo MST/RJ.
No ECTC, foi desenvolvido o Sistema Integrado de Comercialização de Produtos da Agricultura Familiar (SIPAF), uma primeira versão de um site de comercialização pensado para os ciclos de venda dos coletivos organizados nos assentamentos de reforma agrária do estado. O processo de desenvolvimento do site se deu de forma bastante próxima aos trabalhadores do MST envolvidos no espaço, seguindo perspectivas do Design Participativo, da Tecnologia Social e da Pesquisa-ação. Para tal, foram realizadas entrevistas com responsáveis pela feira, agricultores e usuários, além de visitas e participação no trabalho de organização da feira por parte dos desenvolvedores. O site foi inaugurado em meados de 2019 e apresentou resultados positivos na organização da comercialização, no alívio do trabalho dos militantes e no aumento das vendas.
Em setembro de 2018, o Armazém do Campo abre suas portas no bairro da Lapa, na região central da cidade, sendo um espaço de comercialização organizado pelo MST para a venda de produtos de assentamentos da Reforma Agrária, cultivados por pequenos agricultores ou produzidos por empresas parceiras, de forma orgânica e agroecológica. Além de um local chave na garantia de escoamento da produção dos assentamentos, o Armazém do Campo representa um ponto de aproximação entre o campo e a cidade, entre o produtor e o consumidor e uma espaço fundamental na visibilização da Reforma Agrária e da produção desses alimentos.
Essa nova configuração da comercialização e a centralidade que o Armazém do Campo ganhou na dinâmica de trabalho e organização do MST no estado do Rio de Janeiro refletiram nas ações desenvolvidas no âmbito da parceria entre a universidade e o movimento. A experiência de apoio ao desenvolvimento do sistema para o Terra Crioula e a perspectiva de demanda semelhante para o AdC fez surgir o presente projeto, visando o desenvolvimento de ações para consolidação e ampliação de estratégias de comercialização de alimentos agroecológicos e produtos dos assentamentos do estado do Rio de Janeiro, além da criação de um espaço virtual de interação e cultura, contribuindo para a aproximação entre produtores e consumidores através da tecnologia social.
Meta 1
Este momento do projeto diz respeito à formação da equipe, ao levantamento de demandas da comercialização e à elaboração de um protótipo do sistema. As incursões presenciais ao Armazém do Campo para levantamento de requisitos destinados ao sistema de comercialização se deram por meio da participação ativa dos membros da equipe em diversas atividades da loja, consideradas imprescindíveis para o entendimento do projeto de forma mais ampla. O envolvimento da equipe da emenda com o cotidiano do Armazém do Campo foi fundamental para conhecer as necessidades dos usuários e usuárias do sistema, percebendo a maneira como a equipe do Armazém manejava o painel de administração, fechava e abria ciclos, incluía novos itens no estoque, atualizava preços, gerava planilhas, entre outras atividades.
A demanda por um sistema de comercialização se tornou ainda mais evidente com o advento da pandemia do Covid-19, em que se formaram ou ampliaram as atividades de iniciativas que realizavam a venda de cestas agroecológicas provenientes da agricultura familiar e que precisavam de ferramentas mais apropriadas para tal. A maior parte dos coletivos, incluindo o próprio AdC, realizava as vendas por meio do whatsapp ou de formulários on-line, o que gerava um trabalho imenso de controle e organização dos pedidos, ocupando trabalhadores e militantes que poderiam se concentrar em outras tarefas. Essa forma de realização das compras também causava transtornos relacionados ao controle de estoque, manipulação de planilhas complexas, dificuldade na comunicação com consumidores, entre outros.
Diante da urgência da situação, a partir de conversas realizadas junto à equipe do AdC, o grupo optou por elaborar um site cuja base fosse similar ao desenvolvido para o Espaço de Comercialização Terra Crioula, que já havia se mostrado eficiente e atenderia às demandas mais emergentes de forma rápida. Desta forma, construímos uma primeira versão do sistema, capaz de facilitar essas tarefas e, simultaneamente, elaboramos novas metas, testando funcionalidades já desenvolvidas e implementando-as no sistema vigente. Esse modo de operar, realizando atividades em paralelo e entregando-as em ciclos curtos, parte dos princípios que norteiam os métodos ágeis: durante todo o processo, incorporamos os requisitos solicitados, nos ajustando a mudanças no desenvolvimento do sistema. A partir do lançamento do protótipo, a equipe se dividiu basicamente em duas principais tarefas: acompanhamento cotidiano do site e concepção de um novo sistema.
Produtos
Meta 2:
A segunda etapa do projeto teve como foco o desenvolvimento e a implantação de um sistema virtual de comercialização de produtos da reforma agrária. O desenvolvimento do sistema buscou possibilitar a qualificação da organização do trabalho, melhorando a experiência entre os espaços de comercialização e os consumidores, além de aumentar a circulação de produtos agroecológicos no estado do Rio de Janeiro. Um dos elementos essenciais do sistema, desenvolvido em parceria com a equipe da cooperativa EITA, foi a premissa do Software Livre, ou seja, seu código deveria ser aberto para todos, permitindo o uso, a distribuição e a alteração de forma gratuita, sem necessidade de permissão do desenvolvedor.
O sistema também visou a educação do consumidor, apresentando as etapas que compõem o processo produtivo por detrás da mercadoria adquirida. Desse modo, o campo e os/as agricultores/as são os protagonistas do conteúdo que compõe o site, ganhando um espaço de destaque para apresentação da trajetória de cooperativas, coletivos e famílias assentadas e acampadas da reforma agrária popular. Esse conteúdo, disponível na seção “Produtoras”, busca contribuir com a promoção da agroecologia, do cooperativismo, do desenvolvimento sustentável e dos direitos humanos, econômicos, sociais, culturais e ambientais das diversas comunidades do campo e da cidade.
Ao longo da construção do projeto, foram realizados diversos ciclos curtos de especificação, utilizando metodologias ágeis, para o desenvolvimento e entrega de um sistema virtual de compra on-line para comercialização de produtos oriundos da reforma agrária. O objetivo desses ciclos curtos é desenvolver de forma rápida as funcionalidades mais urgentes, testá-las junto com os usuários e verificar quais são as próximas necessidades de cada ciclo. Dessa forma, diferente dos métodos tradicionais de Engenharia de Software, que levam um grande tempo especificando todas as funcionalidades para só depois desenvolver o sistema, nas metodologias ágeis busca-se um desenvolvimento mais iterativo e interativo. Esse trabalho envolveu visitas ao local de comercialização presencial, a loja do Armazém do Campo do Rio de Janeiro, oficinas presenciais para capacitação da equipe, além de visitas aos assentamentos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra no estado.
O plugin “Sementes – Sistema de Cestas Agroecológicas e de Grupos de Consumo Responsável” foi desenvolvido para oferecer diversas melhorias à plataforma Woocommerce, tornando-a adequada para uso em Grupos de Consumo Responsável e Cestas Agroecológicas. Atualmente o plugin encontra-se disponível para download gratuito na loja do WordPress. Um dos principais eixos de trabalho que mobilizaram o projeto foi a simplificação de recursos que, se convertidos em mecanismos fáceis, poderiam auxiliar no processo de atividades de comercialização de grupos com pouca ou nenhuma familiaridade com sistemas tecnológicos. A implementação de um painel simplificado (chamado de Painel de Admin Fácil) divide a tela em seis comandos básicos: 1) atualizar produtos; 2) cadastrar produto; 3) formas de entrega; 4) gerenciar ciclos; 5) gerenciar pedidos; 6) relatórios. Além disso, tem um botão “Painel Simplificado” que esconde o menu à esquerda, deixando disponíveis para o usuário apenas as seis funções essenciais para administração da comercialização.
No dia 01 de junho de 2022, lançamos o novo site do Armazém do Campo. O sistema de comercialização da loja do Rio de Janeiro seguiu funcionando por meio do mesmo endereço: http://rio.armazemdocampo.com.br. Atualmente, o site já está com tema atualizado e desenvolvido especificamente para a comercialização de produtos agroecológicos, além de atender a critérios para que seja responsivo e amigável aos usuários e clientes. O site está em funcionamento, fazendo dois ciclos de vendas por semana: durante às quartas-feiras, quando são realizadas as entregas sem hortifrúti, e aos sábados, quando são realizadas as entregas com hortifrúti.
Acreditamos, assim, que o projeto cumpriu um duplo papel a partir do financiamento da emenda parlamentar. Por um lado, entregou um sistema de comercialização desenvolvido a partir de uma perspectiva de tecnologia comprometida com a ampliação do trabalho realizado pelos movimentos sociais, fortalecendo o lastro de atuação e alcance destas organizações populares e capacitando-as para o uso de novas tecnologias. Por outro, apoiou o desenvolvimento da ciência, da tecnologia e de inovações, na aliança entre academia e movimentos sociais, por meio de uma dinâmica interdisciplinar, que contribui na formação de estudantes e técnicos envolvidos em prol da pesquisa, extensão e ensino, estimulando a universidade ao cumprimento de um de seus objetivos fundamentais, a saber, a produção de conhecimentos orientados para as demandas populares.
Produtos
Coordenação Institucional:
Camila Rolim Laricchia
Celso Alexandre de Souza Alvear
Felipe Addor
Fernanda Santos Araújo
Layssa Ramos Maia de Almeida
Nathalia Ferreira Gonçales
Vicente Nepomuceno
Equipe:
Bárbara Gonçalves Fagundes
Carolina da Silva Gonçalves
Cristina Marchiori Miranda
Dafne Pereira
Edivania Valverde
Gabriel de Avellar Amorim
Gabriela dos Santos Haua
João Lucas de Souza
João Vitor Amancio Barroso
Larissa Bral Povoa da Hora
Leandro Estolano Schafer
Luana Carvalho Aguiar Leite
Marcelo Luiz de Souza
Mateus da Silva dos Santos
Monique Ferruccio Cosenza
Ruth Tereza Rodrigues dos Santos
Victoria Barros de Almeida
Emendas parlamentares no campo da Agricultura Familiar
Os projetos financiados por emendas parlamentares para fortalecimento da agricultura familiar no estado do Rio de Janeiro relatados nesta página são frutos da parceria entre três grupos universitários – Núcleo de Solidariedade Técnica da UFRJ (Soltec), Laboratório Interdisciplinar de Tecnologias Sociais da UFRJ/Macaé (LITS) e um grupo de professores e alunos da Escola de Engenharia de Produção da UNIRIO – e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
A parceria entre esses grupos universitários e o MST se iniciou em 2014 e, em 8 anos de atuação, promoveu a realização de dois cursos de extensão registrados na universidade e a conclusão de três projetos financiados por emendas parlamentares em apoio às atividades de produção e comercialização coletivas organizadas nos acampamentos e assentamentos de Reforma Agrária no estado do Rio de Janeiro
É importante destacar que esses projetos são executados em diálogo permanente com alguns projetos de extensão do SOLTEC, como o CACI e o TICDEMOS.
Nos links a seguir, são encontrados os detalhes da execução de cada um dessas emendas parlamentares:
Assessoria aos coletivos de produção e comercialização de assentamentos de Reforma Agrária do estado do Rio de Janeiro
APRESENTAÇÃO
O projeto “Assessoria aos coletivos de produção e comercialização de assentamentos de Reforma Agrária do estado do Rio de Janeiro”, foi desenvolvido entre janeiro/2021 e março/2022, como mais um desdobramento da parceria firmada entre o Soltec/UFRJ, o LITS/UFRJ/Macaé, a UNIRIO e o MST. Seu objetivo era dar continuidade ao trabalho de fortalecimento das estratégias coletivas de produção e comercialização dos agricultores familiares localizados nos assentamentos da reforma agrária do estado do Rio de Janeiro, por meio da formação dos trabalhadores e trabalhadoras para elaboração ou aprimoramento de ferramentas e dispositivos técnicos de apoio à gestão, pautados pelos princípios da cooperação e da solidariedade.
Buscamos manter a estrutura do projeto anterior, organizando também este em duas grandes metas. A primeira teve por objetivo a formação da equipe de trabalho e a atualização do mapeamento das demandas dos coletivos, com particular atenção para o que não havia sido possível realizar anteriormente e para as mudanças que a pandemia ocasionou. A segunda, por sua vez, tinha como foco o processo de definição e aplicação das ferramentas e dispositivos técnicos de apoio aos processos de produção e comercialização realizados.
Devido à manutenção do estado de distanciamento social em virtude da pandemia no início de 2021, a equipe avaliou que ainda não era seguro fazer o deslocamento para os assentamentos para acompanhar as atividades presencialmente, o que impactou bastante nossa forma de trabalho, que era organizada a partir das visitas às regiões e do acompanhamento das atividades realizadas pelos coletivos. Dessa forma, foram necessárias algumas adaptações, realizadas a partir do mapeamento das demandas dos coletivos com relação à gestão da produção e comercialização que poderiam ser trabalhadas por meio de encontros virtuais. Esse processo resultou na abertura de duas frentes de trabalho no projeto, de modo a dar conta das demandas identificadas sem perder de vista seu escopo inicial. As duas frentes criadas foram:
Frente Armazém: a equipe alocada nessa frente ficou responsável pelo apoio à gestão dos processos de comercialização realizados pelo Armazém do Campo (AdC), localizado na Lapa, região central da cidade, que é uma loja de produtos produzidos em assentamentos de reforma agrária de todo o país, além de um espaço político e cultural. Essa frente trabalhou de forma parcialmente presencial, realizando visitas semanais ao espaço para acompanhamento das atividades.
Frente Formação: a equipe nessa frente esteve, inicialmente, responsável pelo mapeamento das demandas de formação dos coletivos do estado, buscando entender as principais dificuldades no processo de qualificação das etapas de trabalho. Sua principal atribuição, a partir desse mapeamento, foi o desenvolvimento de um curso, realizado de forma virtual, com aulas síncronas e assíncronas, de qualificação das ferramentas de gestão financeira para os coletivos de produção e comercialização da região Norte Fluminense. Em seguida, essa frente contribuiu na organização da Feira Estadual da Reforma Agrária Cícero Guedes e elaborou uma nova edição do mesmo curso, dessa vez para a coordenação do coletivo de trabalho organizado na região Sul Fluminense.
Para além da realização das metas, é importante destacar que mantivemos a integração entre a equipe por meio de reuniões ampliadas, realizadas virtualmente, a cada mês. Nesse espaço, era feito o balanço das ações desenvolvidas pelas duas frentes e também o planejamento coletivo dos próximos passos.
Figura 1: Reuniões ampliadas da equipe
A seguir, detalharemos o trabalho realizado em cada uma das metas:
META 1
Essa meta foi realizada entre fevereiro e abril de 2021 e as principais ações das duas frentes estão resumidas nos blocos a seguir.
Frente Formação: composta por 7 membros da equipe, entre assentados, estudantes do curso e representantes da universidade. A frente iniciou seu trabalho em fevereiro/2021, realizando um mapeamento mais amplo dos temas de formação demandados pelos coletivos organizados nos assentamentos do estado, para, em seguida, definir seu principal caminho de ação, que foi a realização de um curso básico de ferramentas de gestão financeira, com foco no excel, para apoiar o processo de planejamento de produção e comercialização dos coletivos de jovens organizados na região Norte Fluminense. As aulas começaram em maio/2021, com 10 estudantes, e tinham previsão de término para julho do mesmo ano. Os encontros aconteciam quinzenalmente, de forma virtual. Embora a frente tenha se dedicado mais intensamente ao trabalho com apenas uma das regiões, conseguiu estruturar uma relação de proximidade importante com a juventude dos assentamentos dessa região, que é a mais distante da capital. Consideramos que esse foi um passo muito valioso e uma característica peculiar desse período de realização de atividades virtuais, tendo em vista que o deslocamento até essa região não era trivial em tempos anteriores, por conta da distância. Os jovens se mostraram bastante interessados, comprometidos e acreditamos que isso teve impacto na organização dos coletivos e também em suas vidas profissionais. A proposta, naquele momento, era de que o curso pudesse ser reaplicado nas demais regiões.
Figura 2: Frente Formação - Aula do Curso Básico de Ferramentas de Gestão Financeira com a Região Norte
Frente Armazém: composta por 11 pessoas, entre membros da equipe e trabalhadores do espaço do AdC, a frente iniciou sua atuação em fevereiro/2021, realizando um diagnóstico das principais demandas de ferramentas e processos de gestão do espaço. Nessa primeira etapa de trabalho junto ao AdC, foi possível mapear suas formas de funcionamento, assim como seus principais problemas. A compreensão dos problemas e das suas relações de causa e consequência foram fundamentais para pensarmos juntos quais causas deveriam ser resolvidas nas ações seguintes. Foram identificadas diversas frentes a serem aperfeiçoadas no Armazém, porém em conjunto se optou por começar com: Sistema, Estoque e Diversidade de Produtos, tendo sido esses os focos do trabalho da segunda etapa do projeto.
Figura 3: Reunião de mapeamento com a equipe do Armazém do Campo
Figura 4: Itens levantados na discussão coletiva sobre melhorias no sistema de compras do espaço
O percurso metodológico de cada frente de atuação, bem como as etapas de trabalho dessa meta, estão detalhadamente descritos no relatório da Meta 1, que pode ser acessado abaixo. Anexamos, também, a proposta elaborada para o curso junto à região Norte Fluminense.
Produtos:
Proposta do Curso de Ferramantas de Gestão Financeira
META 2
A Meta 2 do projeto foi realizada entre maio/2021 a fevereiro/2022. Conforme o escopo da meta, tivemos a preocupação de implementar e/ou aprimorar ferramentas que atendessem às demandas mapeadas no diagnóstico realizado na etapa anterior, e que representavam desafios à gestão do trabalho desses coletivos. Esse processo foi integralmente realizado com a participação ativa dos integrantes dos coletivos, desde a concepção até os processos de execução e contínua avaliação, seguindo os princípios metodológicos da pesquisa-ação (THIOLLENT, 2004) e da Tecnologia Social (DAGNINO, 2004) que orientam nossa atuação.
Frente Formação: nessa etapa, a equipe se dedicou em concluir o curso junto à juventude da região Norte Fluminense e fazer uma avaliação coletiva sobre o processo e o que deveriam ser os próximos passos. Decidimos, naquele momento, em não realizar uma segunda edição logo em seguida, mas o retorno dos estudantes foi muito positivo e a intenção de dar continuidade ao processo formativo foi registrada. Como última ação da frente, foi elaborada uma proposta semelhante de curso para ser reaplicada na região Sul, junto à coordenação do coletivo Alaíde Reis. Sua execução foi suspensa naquele momento por conta de uma nova onda da pandemia. Avaliamos que, apesar de uma ação mais pontual e direcionada com uma região, conseguimos acumular bastante e contribuir para a consolidação dos coletivos e para a formação profissional, técnica e política dos jovens envolvidos. Ainda é preciso avançar bastante para garantir condições infraestruturais nos assentamentos que viabilizem que outros cursos como esses sejam dados em condições mais cômodas para os assentados, o que implica em seguir somando e construindo a luta pela reforma agrária popular cotidianamente.
Frente Armazém: Para dar conta do conjunto de causas levantadas na etapa anterior, foi construída uma forma de trabalhar coletivamente, que aliava nossa formação e desenvolvimento com as propostas de mudanças nos processos de trabalho, por meio de novos métodos, recursos, técnicas e ferramentas. Foi desenvolvida, assim, uma metodologia de ação, onde a cada rodada, novas ações eram planejadas, experimentadas e avaliadas. Ao final de cerca de três meses, era inicado um novo ciclo de ações. Assim, cada nova tecnologia era desenvolvida em conjunto entre todos da equipe. As novas técnicas foram implantadas em três rodadas de ações coletivas: 1 – sistemas; 2 comunicação; 3 – atividades da loja. Cada rodada foi cheia de descobrtas, aprendizados, erros e acertos. Todas essas ações estão descritas no relatório da meta, que pode ser acessado abaixo.
Figura 6: Aula do Curso na Região Norte
Figura 7: Planejamento coletivo das rodadas de ações
Produtos:
Manual produzido para uso do site pelos trabalhadores do AdC |
Participação em Eventos Acadêmicos
✓ XVI Seminário Internacional PROCOAS, 2021
ADDOR, Felipe et al. A atuação extensionista na assessoria aos coletivos de produção e comercialização de assentamentos de reforma agrária no estado do Rio de Janeiro. In: Anais do XVI Seminário Internacional PROCOAS, virtual, 2021.
✓ VIII Congresso Brasileiro Engenheiro Sem Fronteiras
ALMEIDA, Layssa. Extensão Tecnológica na prática da relação entre universidade e movimentos sociais do campo. Participação em mesa de debate, evento virtual, 2021.
Equipe
Coordenação
Camila Rolim Laricchia
Celso Alexandre de Souza Alvear
Felipe Addor
Fernanda Santos Araújo
Layssa Ramos Maia de Almeida
Vicente Nepomuceno
Frente Armazém
Edvânia Alves
Fábio Macedo Rossi
Hercules Preato
João Lucas Souza
Laura Landau
Luma Fernandez
Mateus dos Santos
Mayeni Medeiros
Paula Rodrigues Affonso Alves
Ruth Rodrigues
Vicente Nepomuceno
Frente Formação
Camila Rolim Laricchia
Carlos Augusto Gouveia da Silva
Celso Alves Antunes
Gabriel de Avellar Amorim
Gecilany Mendes da Silva
José Carlos da Silva dos Santos
Layssa Ramos Maia de Almeida
Manuel de Figueiredo Meyer
Milena da Silva dos Santos
Monique Ferruccio Cosenza
Rafaela Viana da Silva
Ricardo Silveira de Oliveira Filho
Tamires da Silva dos Santos
Tayná da Silva dos Santos
Taynara Rangel da Cruz Deamantino
Vitória Nunes Moreira Figueiredo
Apoio aos Assentamentos da Reforma Agrária no estado do Rio de Janeiro
Apresentação
O projeto “Apoio aos Assentamentos da Reforma Agrária no estado do Rio de Janeiro” tem como objetivo principal fortalecer a estratégia de produção e comercialização coletiva dos pequenos agricultores assentados, por meio da assessoria à gestão dessas atividades nos coletivos de trabalho e da contribuição para elaboração de ferramentas, metodologias e processos adequados às suas dinâmicas.
O projeto visa principalmente intensificar a presença no campo para compreender as dificuldades dos trabalhadores, visando estruturar e potencializar os coletivos de produção nos assentamentos e avançar ainda mais com a formação dos agricultores e das agricultoras. Iniciado em 2019, o projeto é um desdobramento da relação de parceria entre o Soltec/UFRJ, representado pelo projeto de extensão Campo-Cidade, e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra no Rio de Janeiro (MST/RJ) desde 2014. Nessa ação, o Soltec e o MST/RJ se articulam com o Laboratório Interdisciplinar de Tecnologias Sociais (LITS/Campus UFRJ Macaé) e o Departamento de Engenharia de Produção da UNIRIO, contando com a atuação de professores e mestrandos da universidade e trabalhadores rurais.
O projeto foi estruturado em duas grandes etapas. A primeira, chamada de meta 1, teve por objetivo a realização de um diagnóstico participativo nos assentamentos, com foco nos coletivos de produção de cada região, mas também na identificação de questões estruturais de cada território. Enquanto a segunda, meta 2, já realizada durante o período de pandemia, foi dedicado à realização de ações de apoio aos coletivos e assentamentos nesse novo contexto.
Para dar conta do objetivo do projeto, que é estruturar e fortalecer os coletivos de produção nos assentamentos da reforma agrária no Rio de Janeiro, foram escolhidos três territórios prioritários: Região Norte, onde trabalhamos com três assentamentos; Região Sul, também com três assentamentos; e Região Lagos, com um assentamento.
Este trabalho de assessoria técnica foi financiado por uma emenda parlamentar (e sua execução financeira apoiada pela Fundação Universitária José Bonifácio), tendo como perspectiva que o desenvolvimento desse projeto possa contribuir para a formação crítica dos estudantes, professores e atores dos movimentos sociais envolvidos, bem como promover a melhoria das condições de vida e de trabalho no campo.
META 1
Nesta meta, o projeto buscou, a partir da realização de um diagnóstico, compreender o contexto e as demandas dos coletivos de trabalho dos assentamentos das três regiões do estado do Rio de Janeiro. Ao longo do processo, foram utilizadas ferramentas que contribuíssem para o fortalecimento da gestão das atividades de produção e comercialização cooperadas, realizando, assim, simultaneamente, um processo formativo com os assentados. O acompanhamento desses coletivos foi estruturado a partir da organização de três equipes para atuar em cada área, sendo formadas por pesquisadores das universidades participantes do projeto e por atores locais, assentados nos territórios com os quais trabalhamos.
A metodologia adotada consistiu na realização de visitas periódicas aos assentamentos, que variaram de acordo com a região, seguindo critérios de disponibilidade da equipe e de organização das atividades nos assentamentos. No total, foram realizadas 31 visitas aos territórios, sendo 7 na região Norte, 12 na região Sul e 9 na região Lagos. Outra atividade muito importante nessa etapa foi a realização das Reuniões de Integração Metodológica, onde toda a equipe se reunia para fazer um acompanhamento do trabalho nas regiões e conversar sobre os próximos passos da atuação.
Produtos:
Instrumentos:
Ficha de Mapeamento da Produção (Região Lagos)
Ficha de Diagnóstico Regional (Região Norte)
Ficha de Controle de Produção para o Terra Crioula (Região Sul)
META 2
A Meta 2 previa a realização de um curso de formação, que entendemos não ser possível realizar no contexto de pandemia, em respeito às medidas de distanciamento social e à saúde dos integrantes da equipe do projeto e dos agricultores assentados. Além disso, nesse novo cenário, os agricultores assentados voltaram ainda mais seus esforços para as atividades de produção e comercialização, buscando evitar o desabastecimento e evidenciando que é a agricultura familiar que planta e colhe os alimentos que chegam à nossa mesa. Nesse sentido, os assentados também estiveram bastante envolvidos em ações de solidariedade nos bairros próximos aos assentamentos e também em regiões periféricas da capital do estado, por meio da doação de várias toneladas de alimentos.
Dessa forma, a Meta 2 foi reestruturada para realização de atividades possíveis nesse período, levando em consideração os elementos citados e mantendo o escopo previsto inicialmente, de realizar ações com a proposta de formação dos assentados e acompanhamento de suas atividades. Assim, duas frentes de trabalho foram organizadas:
Frente das Cartilhas: desenvolvimento de material pedagógico (cartilhas, manuais) com base nas demandas levantadas pelo Diagnóstico Participativo, que poderiam ser utilizadas pelos assentados;
Frente dos Associados da Reforma Agrária: organização de um grupo de Associados da Reforma Agrária que possa contribuir para a sustentabilidade dos coletivos de produção e comercialização dos assentamentos, que estão em intensa atuação nesse período de distanciamento social na pandemia para doar e comercializar alimentos.
O trabalho da equipe nessas duas frentes se deu por meio de reuniões virtuais, que aconteciam com frequência semanal, para a equipe do material pedagógico, e mensal, para a equipe de organização do grupo de associados. Também foram realizadas reuniões mensais com toda a equipe para acompanhamento das duas frentes.
Também como uma atividade fundamental dessa meta, foi realizado o apoio à estruturação da Feira Estadual da Reforma Agrária Cícero Guedes, que em sua 12º edição, por conta do isolamento social, só foi viável por meio do formato de vendas online e entregas em domicílio de cestas de produtos agroecológicos oriundos da reforma agrária popular.
O detalhamento das atividades dos grupos de trabalho, assim como as cartilhas de apoio pedagógico que foram produzidos pela Frente das Cartilhas, podem ser acessados nos arquivos a seguir.
Produtos
Cartilhas de apoio pedagógico:
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Publicações e Participação em Eventos
Eventos:
✓ EVEDS, 2020
NEPOMUCENO, V. ALMEIDA, L.R.M. LARICCHIA, Camila Rolim. Universidade e Movimentos Sociais do Campo: um projeto de fortalecimento da cooperação agrícola. In: Troca de experiências, Encontro Virtual de Engenharia e Desenvolvimento Social - 2020. Rio de Janeiro: Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2020.
Capítulos de livro publicados:
✓ LARICCHIA, Camila Rolim, ALMEIDA, Layssa Ramos Maia de, ARAÚJO, Fernanda Santos, SILVA, Iranilde de Oliveira, SILVA, Carlos Augusto Gouveia da. A cooperação no trabalho de produção e comercialização em assentamentos da Reforma Agrária do Rio de Janeiro. In: Luciana Lago, Irene Melo, Fernanda Petrus. (Orgs.) - Da cooperação na cidade à cidade cooperativa. Marília: Editora Lutas Anticapital, 2020, p. 51-80. Disponível em: <https://www.observatoriodasmetropoles.net.br/wp-content/uploads/2020/11/Da-cooperacao-na-cidade-a-cidade-cooperativa.pdf>
✓ NEPOMUCENO, Vicente. Coletivos De Comercialização De Assentamentos Da Reforma Agrária: Uma Análise Dos Desafios Organizativos E Da Viabilidade Econômica De Cestas De Circuitos Curtos De Comercialização Do Coletivo De Produção Alaíde Reis No Sul Do Estado Do Rio De Janeiro. In: ADDOR, F.. SANSOLO, D.. EID, F.. (Orgs). Tecnologia Social e Reforma Agrária Popular. No prelo.
Equipe
Coordenação
Camila Rolim Laricchia
Celso Alexandre de Souza Alvear
Felipe Addor
Fernanda Santos Araújo
Layssa Ramos Maia de Almeida
Vicente Nepomuceno
Pesquisadores
Bianca Porto
Carlos Augusto Gouveia da Silva
Carolina Soares de Carvalho
Celso Alves Antunes
Diego Rangel Fraga
Francisco de Assis do Nascimento
Gabriel de Avellar Amorim
Luana Carvalho
Manuel de Figueiredo Meyer
Márcio Aldo dos Santos
Monique Ferruccio Cosenza
Raoni Amaral Lustosa
Ricardo Silveira de Oliveira Filho
Ruth Tereza Rodrigues dos Santos
Thiago Medeiros Fonseca