Mães à Obra e os muros da universidade: histórias e reflexões sobre educação popular e ensino na engenharia
Elena Yoshie José Veríssimo
Resumo:
Durante nove meses do ano de 2022, num espaço cedido pelo Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) no Morro do Preventório, localizado na cidade de Niterói, era possível encontrar um grupo de mulheres às terças-feiras aprendendo a construir casas. O projeto, chamado Mães à Obra, tinha como objetivo formar mães da comunidade para trabalharem na construção civil — fosse em suas próprias reformas ou na de terceiros. Assessoradas pelo projeto de extensão Urbelatam, as professoras Adriana e Rose, também moradoras do Preventório, ministraram o curso, que cultivou encontros comunitários semanais, recheados de práticas da Educação Popular. À espreita, lá me encontrava, como observadora e conselheira, a fim de garantir suporte às professoras que nunca haviam dado aula antes. Aos poucos, o curso me despertou interesse quando percebi que Mães à Obra continha, na sua fórmula, elementos que faltavam à experiência nas salas de aula do Centro de Tecnologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), onde me graduei engenheira. Assim, o projeto se tornou um dos elementos centrais da minha dissertação. Ele oferece práticas de aprendizagem que, por hipótese do presente trabalho, acolhem as ausências sentidas pelos estudantes de engenharia durante sua passagem pela universidade. Elas são evidenciadas pela pesquisa que realizei durante o ano de 2015, quando ainda era Diretora de Ensino do Centro Acadêmico de Engenharia da UFRJ (CAEng). Dentre as faltas que os estudantes relataram, como a ausência de experiências de engenharia na prática, avaliações condizentes com a matéria dada em sala de aula, a escuta do corpo docente e preocupação com o ensino dos alunos, Mães à Obra se mostrou uma experiência valiosa para os problemas encontrados no ensino superior. Através da metodologia de sistematização de experiências de Oscar Jara Holliday, o objetivo deste trabalho é entender o que um curso comunitário e popular pode ensinar à universidade, em especial, às escolas de engenharia. A partir de diálogos com autores que discutem o tema, como Paulo Freire e bell hooks, reflito sobre os aprendizados em sala de aula e é nas encruzilhadas que aponto as potencialidades da pesquisa. A construção do empodimento de suas estudantes, o cuidado e o senso comunitário, e o convite à vulnerabilidade das professoras são alguns dos elementos que se destacam como importantes para a construção de uma sala de aula pujante.
Data e horário: Dia 21 de agosto de 2024, às 9:00
Local: Centro de Tecnologia da UFRJ, Bloco H, Sala 200G (sala do LIpE)
Link da videochamada: https://meet.google.com/qes-giiq-nue
Banca:
Prof. Dr. Celso Alexandre Souza de Alvear (orientador) – UFRJ
Profa. Dra. Fernanda Santos Araujo – UFRJ
Profa. Dra. Sandra Rufino Santos – UFRN
Profa. Dra. Ana Paula de Abreu Costa de Moura – UFRJ
Prof. Dr. João Porto Albuquerque – UNICAMP