Alunos de uma escola em Macaé, no Norte Fluminense, se divertem fazendo barquinhos em sala de aula. Pode parecer brincadeira de criança, mas é coisa séria. Eles participam de cursos sobre a profissão de pescador e ainda aprendem sobre navegação e construção naval.
Na escola de pescadores de Macaé, a música de Milton Nascimento e Chico Buarque é tema de sala de aula. “A gente usa, na escola, filmes, músicas, para que eles possam perceber o tipo de leitura que a gente faz da realidade em que a gente vive”, explica a diretora Tânia Pacheco. Os alunos adoram. “As atividades são muito legais. Eu gosto de tudo”, conta uma aluna. A escola municipal existe há três anos. São quase 500 alunos – a maioria, filhos de pescadores. O diferencial está na carga horária das aulas. A escola funciona em período integral e além de ensinar as disciplinas do Ensino Fundamental, a idéia é ocupar o tempo dos alunos com oficinas e cursos. Um deles é sobre navegação e construção naval. A partir de pequenos pedaços de madeira compensada, eles vão aprendendo pouco a pouco a construir um barco. São quatro anos de curso. Só encerra na oitava série. Os professores são estudantes de engenharia naval e dão a dica para ser um bom construtor. “Ele vai ter uma série de etapas no processo construtivo que vai ter que cumprir para que ele consiga ver a embarcação dele, mesmo que em modelo reduzido, pronta”, comenta o professor Jonatas Peixoto. Para Ronald, aprender sobre construção naval foi a realização de um sonho. “Sempre que eu via na televisão a construção de um barco, me interessava”, conta o aluno. O interesse não é exclusivo dos meninos. O pai da aluna Monique Paula Costa era pescador. A partir das aulas, ela conheceu um pouco mais a rotina dele e agora, já faz planos para o futuro – que ser engenheira naval. “Eu pretendo seguir essa profissão, ter conhecimento, saber um pouco mais sobre isso, e tentar seguir”, diz Monique.