Rebeca Windsor de Moura Alberto

O ano era 2009 e eu tinha praticamente acabado de entrar na faculdade, estava no 3° ou 4° semestre…Pouco sabia sobre o que de fato envolvia ser assistente social..

Na época um amigo próximo, hoje meu marido, me falou de um núcleo de extensão do qual fazia parte e que tinha um trabalho social interessante na Cidade de Deus! Se tratava da Inclusão Produtiva de Jovens..

Era um projeto financiado pelo MDS para auxiliar os jovens da Cidade de Deus a terem uma forma de geração de renda.. Entre grupos, pesquisas e etc, os poucos jovens que ali restaram decidiram que o que queriam montar para gerar renda para eles seria uma estamparia de camisetas..

Na época eu não sabia nem a teoria direito, quem dirá a prática.. e acredito que entre muitos erros e acertos, nós aprendemos mais com eles, do que eles conosco... Sendo a realidade dialética, eu fui aprendendo muito com tudo que aqueles jovens conseguiam trazer de suas necessidades imediatas, da ausência do Estado ali ou de sua presença repressora… Isso trouxe uma experiência única pra mim e pra minha formação como Assistente Social..E acredito que talvez esse seja o principal objetivo da extensão, da pesquisa-ação, proporcionar a troca, a possibilidade de construir conhecimento em conjunto com outras áreas..

Atualmente sou Assistente Social no Município de Indaiatuba-SP e futura mamãe da Liz!

Na minha atuação profissional lido todos os dias com a parcela da população negligenciada por este Estado Capitalista (e de verdade, algumas situações faculdade nenhuma te prepara para lidar).. E se eu tivesse que desejar algo pro futuro dos universitários, acadêmicos e profissionais seria que eles saíssem um pouco de suas “bolhas” de saber… que conseguissem enxergar para além do que conhecem como realidade, porque a maioria da população não somos “nós”, com algum grau de conhecimento… A maioria são pessoas com muito conhecimento de vida, mas sem leitura para saber qual ônibus pegar, ou que formulário assinou para o advogado dar entrada no benefício do INSS, ou ainda que trabalhou anos e anos na “roça” sem carteira assinada ou qualquer registro e agora não tem mais quem empregue e também não tem idade ou tempo de contribuição para se aposentar.. Essa não é uma realidade distante.. Esta é a nossa realidade… Então, o discurso e a prática precisam ser acessíveis, possíveis e reais!

No mais, o que gostaria de dizer é que sou eternamente grata ao Soltec e guardo com muito amor e carinho os 2 anos que estive com vocês! Quem sabe não volto um dia! ?

Ultima alteração em: 15/06/2018