Clara Jorge

Durante minha participação na PAPESCA (Pesquisa Ação na Cadeia Produtiva da Pesca) tive a oportunidade de acompanhar as discussões acerca das organizações e reivindicações das pescadoras e pescadores artesanais do contexto que acompanhávamos, bem como colaborar juntamente da equipe para pensarmos formas de fortalecer as lutas travadas cotidianamente por esse grupo.

Embora meu trabalho junto da PAPESCA e do Soltec ter sido muito breve (devido à minha Mobilidade Acadêmica para a UFSCar), acredito que o levantamento que fizemos sobre a invisibilidade da Mulher Pescadora, foi essencial para minha formação, e, acredito, também para a formação do próprio Projeto. Discutir as condições insalubres de trabalho e vida às quais as pescadoras são submetidas, e como as perversidades que tais condições operam até mesmo sobre a subjetivação e produção de identidade dessas mulheres, traz reflexões sobre a dimensão que os apagamentos políticos (seja por invisibilidade nas políticas públicas, nas instituições, ou mesmo nas narrativas - acadêmicas e populares) alcançam. Não apenas nas dinâmicas de vida de grupos, mas da própria sobrevivência de tradições e modos de existir, como é o caso da Pesca Artesanal, e principalmente na manutenção da precariedade das vidas negras e pobres.

Estar na PAPESCA foi mais uma oportunidade que tive de entender como e quão políticos são os nossos fazeres enquanto pesquisadores e profissionais, e me incentivou ainda mais a buscar um trabalho sustentado por essa compreensão ética.

Hoje estou terminando a graduação em Psicologia, e buscando localizar meu trabalho nas relações de raça, sexualidade e gênero.

Ultima alteração em: 24/04/2018